27 de março de 2021

Frankenstein

A leitura de hoje é um daqueles clássicos cujo nome soa familiar mesmo para quem nunca leu o livro. Para a maioria das pessoas Frankenstein lembra Hollywood e os clássicos filmes de terror, ainda a preto e branco, onde um monstro assustava as pessoas com o seu tamanho gigante e a sua expressão ameaçadora.

No entanto, lendo o livro compreendemos realmente a dimensão desta história. Não é apenas sobre o tamanho ou o aspeto da criatura, que pouco tem a ver com a imagem que nos foi incutida, é sobre toda uma serie de conceitos, de angustias e de valores morais. 

Mas comecemos pelo princípio:

A autora

Mary Godwin nasceu em Londres no ano de 1797 e teve uma educação muito liberal para a época. Desde cedo contactou com o mundo da filosofia e das letras e foi nesse meio intelectual que encontrou o seu companheiro, o poeta Percy Shelley, do qual havia de adquirir o sobrenome.

E foi durante uma temporada passada em Genebra no ano de 1816 na companhia de Lord Byron e outros amigos e familiares que surgiu a ideia de escreverem cada qual um conto. Nesse ano as chuvas não davam tréguas e o muito tempo que passavam fechados em casa permitiu-lhes dar largas à imaginação. Pode-se dizer, por isso, que Frankenstein surge de um desafio em virtude do mau tempo não permitir fazer as férias que tinham planeadas.

A primeira edição dessa história acabaria por sair em 1818 e a partir daí novas edições haveriam de surgir, inclusivamente revistas pela autora.

A história 

Na verdade, o livro contém uma história dentro de outra história. Começa pelas cartas trocadas entre o capitão de um barco que a dada altura se encontraria preso nos gelos do Ártico, e a sua irmã. Numa carta acaba por falar sobre um rapaz recolhido no barco, o jovem Viktor Franskenstein, estudante de medicina e criador de um monstro, como ele próprio diz, tendo por base ossos e restos de cadáveres. A partir daí dá-se o relato do jovem e da sua visão sobre a obra que criou, os seus receios, a sua perseguição e tudo o mais que entretanto aconteceu e as consequências que teve a sua experiência não tão bem sucedida, como ele de inicio suponha vir a ser.

A minha opinião

É um livro fascinante. Não só na maneira como a história está escrita, narrativa dentro de narrativa, mas a forma como toda a  problemática envolvente nos faz questionar muitas atitudes e perceções que temos da realidade. Não é uma história de terror, como tantos filmes nos fizeram crer, é uma história sobre a decadência, sobre sofrimento, sobre a relação entre o autor e a sua obra, dando-nos a visão conflituosa entre os dois e, em paralelo, de cada um.

A importância deste livro, cujo género se situa entre o gótico e o romântico é reconhecida pelo catedráticos, uma vez que terá influenciado muitos escritores desde então.

É um livro que aconselho sem dúvida. Tenho a edição de bolso já antiga, mas por qualquer motivo esteve anos guardada e só li recentemente. Diga-se que não gosto da capa, remete para a tal versão hollywoodesca que nada tem a ver com o conteúdo.

Vi também o filme Mary Shelley, que está disponível na Netflix e que tem no papel principal a atriz Elle Fanning. É muito bom para se perceber um pouco da vida e universo da escritora, tem uma fotografia excelente e óptimas interpretações. É um filme a não perder.


                                                                        Link direto

Bem, o post de hoje acabou por ser um dois-em-um. Espero que tenham gostado e que comentem. Já leram o livro, está na vossa wish list, ou nunca tinham pensado nisso e talvez seja boa ideia? 

44 comentários:

  1. Wonderful review! It is a classic. It's interesting how the author and her significant other challenged themselves with their creativity. Although, he probably drank more than her and was such a poet at that time. Still, she showed she had so much more creativity than he did to create such a classic.

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    1. Exactly! And for Mary Shelley to have the recognition she deserved, it took many years. Much of her life was devoted to her husband's legacy.

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  2. Que legal ver sua opinião sobre o livro. Sempre pensei que a leitura dele poderia ser muito densa e cansativa. Mas agora tenho muita vontade de ler :)

    www.vivendosentimentos.com.br

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    1. Eu gostei muito. É uma leitura profunda, mas nada cansativa. e desmistifica completamente a ideia do monstro que é transmitida frequentemente.

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  3. Fantástica publicação!! :)
    -
    Os passeios que ficaram por fazer.
    -
    Beijos e um iluminado fim de semana.

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  4. Não li o livro, mas fiquei curiosa! :)
    beijinhos

    www.amarcadamarta.pt

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  5. Quando era jovem vi um filme de terror: " OI Barão de Frankenstein ". Em casa nem conseguia apagar a luz para dormir. Nunca mais vi um filme - ou li livros - de terror
    .
    Feliz fim de semana … Cumprimentos poéticos.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Olá Ricardo. Este não é um livro de terror, como erradamente é chamado. É uma narrativa sombria mas fala essencialmente sobre sentimentos, nada a ver com os filmes sobre Frankenstein.
      Bom fim de semana.

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  6. Eu assisti a filmes, mas não li o livro e gostei muito de saber desse outro ponto de vista da história que traz o lado mais emocional e de conceitos e valores.
    Já fiquei com vontade de ler o livro.
    beijos
    Chris


    Inventando com a Mamãe / Instagram  / Facebook / Pinterest

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    1. É um livro muito interessante. Hollywood distorceu completamente o conceito Fazendo da história um produto completamente diferente.
      Beijinhos

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  7. Nunca li... Mas fiquei com curiosidade.

    Beijos e abraços.
    Sandra C.
    Bluestrass

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  8. Yo leí el libro hace tiempo y me gusto He conocido algo del a vida de la autora pero no he visto esa película en Neflix. Gracias por la recomendación. Te mando un beso

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  9. Não conhecia, mas vou tomar nota!

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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  10. Olá! Ainda não li, mas como disse, a história não me é indiferente pela popularidade das adaptações cinematográficas. ;)
    Gostei muito de ler a sua opinião, apercebi-me das várias camadas deste livro e que, realmente, não é só terror.
    Cordialmente,
    Lala

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  11. Li há uns dois anos num Starbucks em Roterdão. Marcou-me muito! Passei três dias a deliciar-me com café estupidamente caro e com uma das principais obras pioneiras do género de ficção cientifica! Apenas fiquei desiludida com o final, poderia ter sido algo mais surpreendente! :) Beijinhos grandes! vou seguir*

    jiaescreve.blogspot.com (Uma nova alminha no mundo dos Blogs)

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    1. Olá. Obrigada pelo comentário, também já estou a seguir o seu blog.
      Beijinhos

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  12. Olá! Tenho esse livro na minha lista, espero poder ler no verão. Abraços.

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  13. Boa tarde esse livro faz parte do imaginário de todos nós, obrigado pela dica e recordação.

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  14. Wow! A história parece ser bem diferente daquela que nos foi incutida através dos filmes etc. Sinceramente parece mais interessante o livro!
    Beijinhos

    Blog ChocoPink / Instagram / Facebook

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    1. Muito mais interessante. Quando se levou à tela esta história foi apenas para causar impacto visual, o conteúdo era secundário. E assim ficou a abordagem ao longo dos anos, infelizmente.

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  15. Mary Shelley está há muito tempo na minha lista da Netflix, já o livro eu pretendia ler depois de ter lido O Médico e o Monstro, pois eu queria ter alguma experiência com os clássicos de terror, mas depois acabei esquecendo de ler esse livro, mas vontade não me falta para conferir essa história.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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    1. Eu quero ler O Médico e o Monstro. assim que tiver oportunidade.
      Beijinhos

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  16. Entusiasmante!
    Um abracinho!
    Megy Maia🌼🌟🌼

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  17. Não o imaginava tão interessante... :)
    Eu a seguir também vou para um clássico: O Feiticeiro de Oz!

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    1. Aí está um livro que também não me importava de ler.
      beijinhos

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  18. Amei o post. Acredita que nunca li o livro? Conheço a história e tudo mais, mas nunca parei para ler. Vou dar uma chance
    beijos
    https://www.dearlytay.com.br/

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    1. Fico feliz quando os meus posts motivam as pessoas.
      Beijinhos

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