É o meu rio, no sentido em que é o rio que passa em Lisboa, cidade que me viu nascer e onde gosto sempre de voltar.
Considerado o maior rio que atravessa Portugal, o Tejo nasce em Espanha, sendo o mais extenso da Península Ibérica. Como todos os rios, sempre serviu as populações habitantes nas suas margens e não só, o que no caso de um rio bastante grande como este, envolve uma fatia significativa da população.
À medida que se vai aproximando da foz, o rio alarga as suas margens estando a zona de estuário calculada em cerca de 15 mil hectares, que comportam uma área natural protegida, habitat de inúmeras espécies, para além de atividade entre as duas margens quer de transporte de mercadorias, quer de passageiros.
Tive oportunidade de fazer uma pequena viagem recreativa nas suas águas A experiência foi escolhida dentro de uma série de possibilidades, pois tínhamos um voucher de presente de Natal que nos tinha sido oferecido e pensei que seria uma ótima oportunidade. Não tinha qualquer referência pessoal sobre a empresa, portanto fui um pouco ao acaso, guiando-me pelos comentários de outros utilizadores. Tenho a dizer que não poderia ter ficado mais satisfeita.
Centro Tejo - a descoberta do rio
Aproveitando que ainda era cedo, fui fazer de turista e conhecer o Centro Tejo uma área junto ao cais de embarque onde se pode descobrir um pouco mais sobre o rio e a envolvência com as localidades ribeirinhas. Inaugurado em 2021 e localizado na estação Sul e Sueste no Terreiro do Paço em Lisboa, de onde partem e chegam as carreiras marítimas que transportam os passageiros entre as margens, é constituído por pequenas salas com caracter didático e possui ainda uma loja de souvenirs e um posto de turismo. O acesso é gratuito para todos, tanto para os que embarcam como para qualquer pessoa que queira conhecer um pouco melhor toda a dinâmica do estuário do Tejo ao longo dos anos, incluindo fotografias antigas das localidades na frente ribeirinha, assim como ilustrações sobre a fauna e flora do rio.
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Cada farol tem informações sobre uma localidade ribeirinha |
Nesta sala existe uma espécie de mesa com relevo, onde está projetada uma imagem de satélite com toda a área do Estuário do Tejo. À volta estão botões que, quando pressionados, iluminam zonas específicas: as pontes, os moinhos de maré, etc. Muito instrutivo.
A área de espera para os passageiros também está muito bem conseguida, com painéis em azulejo retratando cidades portuárias.
Viagem a bordo de um barco típico do Tejo
E chegou a hora de embarcar. A tour foi feita a bordo do Sejas Feliz um bote de fragata de 1947 que foi restaurado e agora serve para fazer percursos turísticos. É já um dos poucos barcos típicos que restam e esta é sem dúvida uma forma digna de manter o barco no ativo, e evitar que fosse destruído como tantos outros, quando a construção da primeira ponte em Lisboa passou a permitir o transporte em camiões, tornando o transporte marítimo de mercadorias entre margens completamente obsoleto. A pequena viagem de 45 minutos foi muito agradável e podemos ver o Terreiro do Paço, Alfama e toda a orla até perto da Ponte 25 de Abril, vindo depois mais junto ao Cais do Ginjal na margem sul e voltando ao ponto de partida, tudo acompanhado pela guia que ia contando as histórias relacionadas com os locais por onde passávamos. Também era feito o relato em inglês e esclarecida qualquer dúvida.
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Terreiro do Paço |
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Cais do Ginjal |
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De volta a Lisboa |
Foi uma tarde bonita, isto de fazer de turista na minha própria cidade e poder vê-la com os olhos de quem vem de fora é muito interessante e desperta-nos para coisas que por vezes nem pensamos. Hoje o rio tem provas náuticas e barcos modernos que diariamente trazem e levam pessoas entre as duas margens, mas noutros tempos eram as mercadorias as principais responsáveis pelo enorme tráfego registado, não esquecendo os barcos de pesca que também ali navegavam. E para isso existiam vários tipos de embarcação: canoas, varinos, fragatas, catraios, faluas são apenas alguns dos modelos de barcos que tão bem conheciam o Estuário do Tejo.
Aproveito para referir que não tenho qualquer vinculo comercial com a empresa turística Nosso Tejo, apenas gostei do serviço proposto. Também para quem gosta de barcos e de toda a atividade marítima, é certamente uma boa forma de conhecer o rio.