16 de outubro de 2025

Ferraria de São João

A Serra da Lousã possui uma grande riqueza a vários níveis e um deles são as aldeias que emergem por entre a densidade arbórea do local. Muitas das aldeias fazem parte da rede Aldeias de Xisto, uma iniciativa que pretende dar suporte a uma série de aldeias típicas que fazem parte do nosso património cultural e que estão espalhadas por vários pontos da zona centro do país.

Desta vez fui conhecer a Ferraria de S. João, na freguesia da Cumeeira e concelho de Penela. O nome terá surgido eventualmente a partir da existência de uma área de exploração de ferro associando-se ao nome do Santo da devoção dos habitantes, que surge em outras referências ao longo do povoado. 

Terra de xisto e quartzo, o sobreiro é a árvore por excelência e a entreajuda dos habitantes uma qualidade que deu à aldeia a curiosa característica de ter numa das extremidades uma série de currais onde cada família guardava o seu gado, predominantemente cabras que eram pastoreadas em conjunto e ciclicamente por todos os proprietários.

Nos dias de hoje as casas são essencialmente de segunda habitação, poucos lá moram, mas a essência mantêm-se ao longo das ruas tranquilamente alinhadas.








Por tudo isto aconselho uma visita a esta aldeia e a toda a região, cheia de trilhos para descobrir e percorrer a pé ou de bicicleta. 

Venham daí!

30 de setembro de 2025

Alcaria Ruiva

Por terras do Lince Ibérico e lá longe no Alentejo profundo existem surpresas dignas de reconhecimento.  O verão ia a meio, o que nesta zona representa um calor insuportável, quando cheguei a uma aldeia tipicamente alentejana chamada Alcaria Ruiva. Sede de freguesia pertencente ao concelho de Mértola, é uma daquelas aldeias com casinhas brancas alinhadas em ruas limpas e desertas. Não há certeza quanto à origem do nome. Pensa-se que o termo "alcaria" provém de uma palavra árabe que significa aldeia pequena ou lugar, enquanto "ruiva" seria referente à cor que apresenta durante grande parte do ano. Mas quanto a isso não há certezas.

Alcaria Ruiva

Numa zona mais elevada ergue-se a igreja, pequena em tamanho mas com o charme típico do que é verdadeiro.




Em Alcaria Ruiva podemos encontrar os genuínos pratos alentejanos em alguns restaurantes acolhedores, que nos permitem saborear a excelente cozinha tradicional da região. 



Para entradas foi servido o tradicional pão de Mértola, o chouriço caseiro e o toucinho da região, experimentei o Cozido de Grão que estava simplesmente delicioso.

Depois do almoço subi ao ponto mais alto do concelho de Mértola: a serra de Alcaria Ruiva tem uma altitude de 370 metros e lá de cima consegue-se avistar a imensidão da planície alentejana que se transforma ao longo do ano. No verão os campos são maioritariamente amarelos e a paisagem a perder de vista revela a riqueza do montado da região.



Tão bom agora que chegou o Outono, podermos recordar dias felizes de verão.

26 de setembro de 2025

Aldeia da Mina de S. Domingos

Situada no município de Mértola, distrito de Beja, já anteriormente falei da Mina de S. Domingos e da Tapada - podem ver os posts aqui e aqui - mas desta vez trago imagens da aldeia que serviu de apoio ao complexo mineiro durante muitos anos e onde hoje poucas pessoas moram a tempo inteiro, sendo essencialmente um lugar de veraneio. Nota-se por isso que a aldeia tem vindo a ser recuperada gradualmente e todos os anos são visíveis os melhoramentos das casas, depois de uma época de um certo abandono devido ao fecho da exploração mineira. 

Embora já por ali vivessem pessoas desde os tempos mais antigos, a aldeia propriamente dita foi inaugurada no ano de 1858. Continha toda a infraestrutura necessária para promover a habitação de todos os que tinham ligação direta com a mina, desde os mineiros até aos funcionários dos escritórios e direção da empresa, encontrando-se a aldeia dividida por agrupamentos segundo o critério da época. 

Neste momento a aldeia está classificada como Imóvel de Interesse Público e integrada na Rede Natura 2000.


Praça da Direção


Igreja da aldeia


Interior da igreja

Edifício do mercado

Pintura mural da autoria de Jorge Teixeira

Pequeno lago resultante da antiga exploração mineira e das águas da chuva


Tapada Pequena

Vista geral

Tapada Grande

Fachada do campo de futebol

Edifício do museu

E assim se percorre um pouco da história da região. O museu tem exposições cíclicas e o próprio edifício está preparado para outros eventos, desde reuniões a palestras, tendo sido remodelado recentemente. A título de curiosidade, refira-se que os sinos da igreja, são ainda os originais encomendados a John Warner &Sons Crescent Founry, a mesma fundição que criou o Big Ben em Londres, uma vez que a direção e exploração da mina estava entregue a um grupo inglês. Outra curiosidade é o nome do campo de futebol: Sir Artur Brown foi o chefe dos Serviços de Transporte e Oficinas da Mina de S. Domingos e sócio do S. Domingos Futebol Clube, um dos clubes que jogavam nesse campo, no século passado.

Como podem ver, uma pequena aldeia no Alentejo profundo contém uma parte tão importante da  história da região e logicamente, de Portugal. São estas preciosidades que tornam qualquer pequena viagem numa descoberta.

16 de setembro de 2025

Lumina 2025

Realizou-se em Cascais entre os dias 12 e 14 Setembro mais uma edição do Lumina, o festival de luz que esteve ausente nos últimos anos mas que prometeu voltar em força. E cumpriu. 

As instalações de autores de diversas origens trouxeram um novo brilho à noite de Cascais, transformando os últimos momentos de verão com muita cor, luz e som, o que torna este festival num espetáculo imperdível. 

Nunca faltei a nenhuma edição e desta vez claro que também tinha que ir. E motivos não faltaram para dizer que terá sido uma das melhores.

São 25 spots que transportam o visitante a um mundo de fantasia, num itinerário que percorre os pontos mais emblemáticos da vila e onde as pessoas são convidadas a observar, sentir e nalguns casos a interagir, numa dinâmica muito própria que nos faz chegar ao fim do percurso com o desejo de querer voltar. Deixo aqui algumas fotos que representam apenas algum do muito que houve para descobrir.

Oculucis

Light Fardens

Lumina

MorphAI

REM

Gazouillis

Portugal Agenda "New Lights" Award


Desenho de Luz no Parque

Geometric Dreams

Meadow of Dreams

Cygnus

The Garden

The Garden

Mexican Lights


Butterflies

Sunflowers

Espero que estas imagens vos tenha despertado a curiosidade de visitar o Lumina para o próximo ano, acreditem que é muito mais bonito ao vivo. 


6 de julho de 2025

Olhão

Faz parte do distrito de Faro e é sede municipal. Olhão, cidade algarvia e terra de pescadores, é banhada pelo oceano e está integrada no Parque Natural da Ria Formosa.

Não há consenso quanto à origem do seu nome: para uns deriva de um nome árabe e vem da época em que povos do norte de África viveram ali, mas para outros o nome surgiu justamente por ser uma área com um olho de água abundante, algo que era estimado numa zona onde curiosamente a água pronta para consumo rareava. Aliás o termo "olhos de água" é uma designação corrente atribuída à zona onde as águas brotam, contribuindo para o engrossamento dos caudais.

À semelhança de muitas terras algarvias à beira mar, também a cidade se desenvolveu com a vinda de veraneantes que descobriram nestas águas calmas e mornas um destino ideal de férias. Mas Olhão tem muito mais para oferecer e é isso que hoje tento mostrar numa pequena seleção de imagens.

Uma das entradas é a famosa Rotunda do Cavalo Marinho, homenagem à ria que abriga várias espécies, mas o ex-libris da cidade é o seu mercado tão característico que é um dos postais de Olhão, mesmo ali ao lado da marina. 

Uma volta a pé permite apreciar tudo calmamente.

Rotunda do Cavalo Marinho
Rotunda do Cavalo Marinho

Mercado de Olhão



Olhão
Jardim Pescador Olhanense



Olhão foi durante muitos séculos terra de gente humilde e muitas vezes esquecida, mas ainda assim foi crescendo e como acontece em todos os lugares, haveriam de ser erguidas igrejas e capelas como forma de devoção dos seus habitantes e que hoje fazem parte do património cultural, a par de alguns edifícios centenários. 
Assim, chegados à Praça da Restauração temos de um lado o Museu Municipal de Olhão instalado na antiga Casa do Compromisso Marítimo, edifício datado dos finais do séc. XVIII. Na praça ergue-se o Padrão aos Heróis da Restauração e do lado oposto ao edifício do Museu encontramos a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Nas traseiras temos a Capela do Senhor dos Aflitos, virada para a Av. da Republica de onde partimos novamente à descoberta da cidade.

Olhão
Museu Municipal de Olhão

Olhão
Igreja Matriz

Olhão
Capela do Senhor dos Aflitos

Olhão é uma cidade cheia de mitos e lendas, o polo do turismo decidiu explorar essa via e criou para o efeito o "Caminho das Lendas", um roteiro que interliga praças e largos do centro histórico, onda cada lenda tem uma representação associada o que permite ao visitante conhecer um pouco da tradição oral da região. 

Olhão
Lenda de Floripes

Olhão

E depois desta voltinha por mais um recanto do Algarve, espero ter despertado a curiosidade de todos aqueles que ainda não visitaram Olhão. Aos que conhecem a cidade, o que acham que não se pode mesmo perder? Deixem a vossa opinião na caixa de comentários.